Empresa criada no Funchal em Agosto de 2016 tendo como objecto principal a realização de projectos de arquitectura.
Edifício na Calçada do Pico


Arquitecto
Filipe Clairouin

Localização
São Pedro, Funchal, Madeira

Projeto e construção
2016-2017

Gestão de obra
João Castro - AZU

Construtor
Erumad

Instalação eléctrica
Gonçalo Cafofo

Instalações hidráulicas
Letícia Santos
Reabilitação

O edifício já constava em plantas da cidade em 1803, altura por onde se pensa ter sido construído. Na altura era um edifício isolado fora da malha urbana. Era uma zona rural às portas do Funchal. Existem histórias passadas pelos antigos donos do edifício que um pirata tinha escondido neste terreno um tesouro. Durante a reabilitação nada foi relatado.
Esta reabilitação transformou um edifício que tinha um uso misto de comércio no piso 0, uma venda típica madeirense e no piso 1 habitação, para exclusivamente habitacional com duas frações, usando sempre que possível os sistemas e técnicas construtivas ancestrais exemplo disso foi a recuperação do travejamento interior da laje entre pisos constituída por vigas de madeira de castanho e algumas novas em pinho termo-tratado. Esta solução construtiva forma uma caixa com excelente comportamento acústico entre pisos.
Registos fotográficos da década de 60 de uma publicação da DRAC o edifício surge catalogado e bem referenciado pelas suas características, evidenciando uma intervenção profunda relativamente recente.
No piso 0 que se encontra parcialmente abaixo do nível da estrada procuraram-se soluções de modo a multiplicar a pouca luz natural que ai incide, encaminhando-a para os espaços interiores mais distantes da pele exterior do edifício usando para isso o tijolo de vidro opalino que permitiu também haver uma maior privacidade em relação ao arruamento adjacente. Neste mesmo piso foi descoberto durante a reabilitação uma laje térrea feita em lajeado de basalto formados por peças de grandes dimensões que estava ocultada por um vinílico de má qualidade, tendo sido rapidamente integrados e reabilitados na nova proposta arquitectonica. Todas as zonas sociais e de circulação desta fração ficaram a ganhar com esse belo pavimento, este sim verdadeiro tesouro.
Usou-se azulejos de fabrico manual e conservaram-se as portadas interiores das janelas, as ombreiras das portas interiores, mantidas as portadas em tapassol e selecionadas  as melhores telhas de canudo existentes para a reconstrução do telhado no seu exterior.
Os espaços interiores do piso 1 ganharam um pé-direito grande e amplo por via dos tetos coincidirem com a inclinação das águas que constituem a cobertura inclinada em telha de canudo, sem existência de sotãos. No meio da cobertura uma imensa claraboia de dimensões generosas trespassa o espaço da sala situada mesmo no centro do edifício, iluminando-a com uma luz natural difusa, característica da sua orientação para norte. Algumas peças de cantaria vermelha de um antigo forno foram recuperadas e colocadas no logradouro. Esta reabilitação aconteceu dentro da ARU da cidade do Funchal, tendo contado com importantes benefícios fiscais e de taxas municipais pelo programa “Cidade  Convida”.